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Protesto civilizado

Um grande protesto de ciclistas promete parar a cidade no dia 28 deste mês (sábado). Espera-se que pelo menos 10 mil pessoas participem do evento – de bicicleta, obviamente, mas também a pé, de skate, de patins. A organização recomenda ir com as cores da campanha (vermelho e branco) e levar apitos, sinos, tambores e aparelhos de som. Uma bagunça.

A manifestação tem como base uma reivindicação nada modesta: uma cidade tão segura e acolhedora para os ciclistas quanto as da Holanda. Um delírio.

É o típico evento bikerdista: um pequeno grupo de vagabundos querendo limitar o direito de ir e vir de milhões de pessoas que podem perfeitamente preferir o modelo do carro individual.

Só há um problema: o evento, chamado The Big Ride, vai ocorrer em Londres.

Então é coisa de país avançado, de sociedade civilizada, não é mesmo?

Bicicletada Nacional na terça-feira (6)

Na próxima terça-feira (6), será realizada a primeira Bicicletada Nacional, em pelo menos 13 cidades do país, para protestar contra a violência no trânsito. Nesta sexta, houve mortes de ciclistas no Riacho Fundo (DF), Marituba (PA), São Paulo (SP) e sabe-se lá mais quantos lugares Brasil afora.

Aracaju (SE): 20h, Mirante da Treze de Julho
Brasília (DF): 19h, Praça das Bicicletas (Museu Nacional)
Caxias do Sul (RS): 19h, Prefeitura
Curitiba (PR): 19h, Pátio da Reitoria (UFPR)
Florianópolis (SC): 19h, Skate Park Trindade
Manaus (AM): 19h30, Parque dos Bilhares
Maringá (PR): 19h, Praça da Catedral
Porto Alegre (RS): às 19h, Largo Zumbi dos Palmares (Epatur)
Rio de Janeiro (RJ): 19h30, Cinelândia
Salvador (BA): 19h, Largo da Mariquita
Santo André (SP): 19h, Praça do Ciclista (Rua Coronel Alfredo Fláquer)
São Paulo (SP): 19h, Praça do Ciclista (Av. Paulista com Rua da Consolação)
Recife (PE): 19h, Praça do Derby

Todo mundo nu

Amanhã, dia 13, acontece a 2ª Pedalada Pelada de Brasília, versão brasileira do World Naked Bike Ride. A saída é às 15h, da Praça das Bicicletas, em frente ao Museu Nacional. O evento também ocorre em São Paulo e outras cidades do Hemisfério Sul.

Pedal contra a corrupção

Os passeios de bicicleta são geralmente associados a bandeiras como a promoção do próprio meio de transporte, a sustentabilidade, a humanização das relações, o meio ambiente. Nesta terça (15), Aracaju aposta numa temática diferente, embora não menos nobre. O 1º Passeio Ciclístico contra a Corrupção, celebração atrasada do Dia Internacional contra a Corrupção (9 de dezembro), é uma iniciativa da Controladoria-Geral da União, Tribunal de Contas da União e Controladoria-Geral do Estado do Sergipe, com apoio de diversos outros órgãos. Um passeio noturno, do Mirante da 13 de Julho à Passarela do Caranguejo, com distribuição de material informativo, espetáculo musical e, espera-se, um clima de promoção da ética e da cidadania.

O assunto segue em alta em Brasília, nesta quarta (16), quando acontece a última Bicicletada do ano na cidade. É o Fora Arruda sobre duas rodas. A concentração começa às 18h na Praça das Bicicletas (em frente ao Museu da República).

Ário, ário, ário…

Protestar é uma arte. E a turma da Bicicletada de São Paulo exercitou essa arte na última sexta-feira, 27, no estacionamento do Shopping Vila Olímpia, luxuoso centro comercial recém-inaugurado no bairro homônimo. Apesar de contar com “um dos mais modernos sistemas operacionais do país”, o estacionamento não cumpre, ou não cumpria, a legislação municipal. Os maiores interessados resolveram reclamar.

Pedala, Vicente Pires

Fonte: Naira Trindade, Correio Braziliense

Povo quer pedalar sem riscos

Pedalar com segurança pelas ruas estreitas de Vicente Pires é um sonho. Ao encarar as duas rodas, ciclistas da cidade caçula do Distrito Federal são obrigados a dividir o mesmo espaço com um concorrente de peso: o veículo automotor. Em qualquer imprevisto, a bicicleta é sempre a mais prejudicada. Paulo Francisco Teixeira, 30 anos, já foi vítima de acidente. Ao usar o meio de transporte barato e saudável para ir à faculdade, em Taguatinga, ele foi atropelado. “O motorista não deu seta, entrou no retorno e veio em cima de mim. Por sorte não aconteceu nada de grave comigo, mas a bicicleta ficou destruída”, conta.

Paulo é um dos 200 ciclistas que participam, às 8h30 de hoje [11 de julho] , do 1º Passeio Ciclístico de Vicente Pires. Em um percurso de 10km, crianças, adolescentes e adultos de diferentes idades pedalam com o objetivo de reivindicar a construção de ciclovias no local. “Além de ótima para a prática de exercício físico, a bicicleta é um meio de transporte e deve ser usada com esse fim”, defende o estudante de educação física Paulo Teixeira. Todos os dias, ele percorre pelo menos 40km de bicicleta, 20km até a universidade e outros 20km de volta para casa. O carro fica na garagem. “É menos um veículo no trânsito. Nós três temos carros e preferimos a bicicleta. Só aqui nós tiramos três das ruas”, conta ele, apontando para dois amigos ciclistas.

A consciência ambiental de tirar automóveis das ruas e usar o meio saudável como transporte começou cedo na casa de Ítalo Gomes Carneiro, 24. Na garupa da mamãe, Wemilly Lamounier Carneiro, 22, a mascote da turma, Sara Lamounier Gomes, 1 ano e nove meses, vai tentar fazer todo o percurso. “Quando começamos a andar, ela quer dormir”, conta o pai. Mas o sono causado pelo embalo da bicicleta ou qualquer dificuldade encontrada pelo caminho vai contar com a ajuda de um carro de apoio. Uma viatura e duas motos da Polícia Militar também vão colaborar para que os ciclistas pedalem em segurança entre os carros. Segundo o coordenador do evento, Ítalo Gomes, uma viatura do Corpo de Bombeiros vai ficar sob aviso em um ponto de apoio. Também serão distribuídos copos de água para os participantes se hidratarem pelo caminho.

Novo status

A cidade de Vicente Pires nasceu de loteamentos irregulares. Apesar de calçadas largas, as ruas asfaltadas pelos próprios moradores ficaram estreitas. “Na rua, os carros passam em alta velocidade e não respeitam nem ciclistas nem pedestres”, reclama Ítalo Gomes Carneiro. Há menos de dois meses, a região administrativa mais nova do Distrito Federal deixou de ser conhecida como ocupação irregular para se tornar cidade. Com a mudança, passou a ter orçamento próprio e a administração ganhou sinal verde para investir em benfeitorias para o local, onde vivem 60 mil pessoas.

Os ciclistas cobram bicicletários em pontos de ônibus e ciclovias. “Vicente Pires é uma RA (Região Administrativa) e não tem estrutura de lazer ou diversão”, ressalta Ítalo. Mas as melhorias devem demorar a chegar. Segundo administrador da cidade, Alberto Meireles, não há previsão de se construírem ciclovias na área urbana. “É necessário elaborar um projeto dentro do Projeto de Urbanismo de Vicente Pires para a construção das vias. Os trechos que estão previstos são os 19km da Estrada Parque Taguatinga (EPTG) e, possivelmente, a Estrutural”, resume.

“Na segunda-feira eu vou tentar incluir o assunto no Projeto de Urbanismo para que a ideia seja estudada”, promete o administrador Alberto Meireles. Segundo o coordenador-gerente do Pedala DF, Leonardo Firme, o trâmite entre o estudo, a elaboração e orçamento desse projeto e o início das obras demora de dez meses a um ano. “A iniciativa da comunidade é muito legal, porque o transporte individual de carros está falido, mas é preciso estudar a possibilidade, porque as ruas de lá são estreitas”, adverte.